É mais comum observar a consequência em profissões que envolvem alto nível de responsabilidade e pressão, como a área de saúde, ensino, advocacia, tecnologia, e também em cargos de gerenciamento e liderança.
Qual a origem da síndrome de Burnout?
O termo “burnout” foi cunhado pelo psicólogo americano Herbert Freudenberger na década de 1970. Herbert estava estudando o impacto do estresse crônico em profissionais de saúde que trabalhavam em clínicas comunitárias gratuitas. Freudenberger usou a palavra “burnout” para descrever o estado de exaustão e desgaste observado em muitos desses profissionais.
O conceito de burnout rapidamente ganhou reconhecimento e popularidade e, posteriormente, se expandiu para incluir uma variedade de profissões e setores em que o estresse crônico e as demandas emocionais desempenham um papel significativo.
O termo foi formalmente introduzido na literatura científica em 1974, quando Freudenberger publicou um artigo intitulado “Staff Burn-Out” na revista “Journal of Social Issues”. Desde então, o estudo do burnout se desenvolveu como uma área de pesquisa em psicologia e medicina.
O conceito de burnout é muitas vezes associado ao contexto profissional, mas também pode se aplicar a outras áreas da vida em que o estresse crônico e a exaustão emocional desempenham um papel importante. A síndrome de burnout é agora reconhecida como uma condição de saúde legítima e é considerada um dos principais desafios de saúde ocupacional enfrentados por muitos trabalhadores em todo o mundo.
A conscientização sobre o burnout e a importância de identificá-lo e gerenciá-lo cresceu ao longo do tempo, levando a esforços para prevenir e tratar essa condição debilitante.
Quais são os sintomas do Burnout?
É muito importante ficar atento aos sintomas.
A síndrome de Burnout gera nervosismo, sofrimentos e distúrbios psicológicos além de problemas físicos, como dor de barriga, cansaço excessivo e tonturas.
O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, sensação de pânico só de imaginar a voltar para o trabalho (voltar das férias, chegar a “segunda-feira”) quando sentido de forma constante, podem indicar o início da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, os principais sinais e sintomas que podem indicar a Síndrome de Burnout são:
- Cansaço excessivo e fora do comum, físico e mental;
- Dor de cabeça de forma frequente;
- Alterações no apetite;
- Insônia;
- Dificuldades de concentração e foco;
- Sentimentos de fracasso e insegurança, baixa estima;
- Negatividade constante;
- Sentimentos de derrota e desesperança;
- Sentimentos de incompetência e até mesmo pensamentos suicidas;
- Alterações repentinas de humor;
- Isolamento e falta de vontade;
- Pressão alta;
- Dores musculares;
- Problemas gastrointestinais;
- Alteração nos batimentos cardíacos.
A Geração Z é a que mais sente o Burnout
Pesquisa mostra que 60% dos jovens nascidos entre 1995 e 2010 experimentam a sensação de esgotamento no mercado de trabalho.
Conhecida por sua forte afinidade tecnológica e caracterizada como independente e elevada exigência em relação ao próprio trabalho e o ambiente onde o realizam, a geração Z (nascidos entre 1995 e 2010) vem enfrentando problemas no mercado de trabalho.
Com a quantidade avassaladora de conteúdos e acesso a informação nos dias de hoje, a indecisão com relação ao próprio futuro, combinado com a propagação do consumo material e a vida visada somente para o status, tende a gerar sérias consequências para essa geração.
Segundo pesquisa da plataforma de benefícios corporativos Betterfly e divulgado no LinkedIn Notícias, 60% dos jovens da geração Z vêm experimentando sensação de ‘Burnout’ – ou exaustão – no trabalho.
A exaustão no ambiente de trabalho afeta profissionais de praticamente todas as idades, porém os mais jovens têm sido mais afetados. Os millennials (nascidos entre 1981 e 1995) também vem apresentando uma faixa elevada de esgotamento: 57% deles também relatam a sensação de ‘burnout’.
Como realizar o diagnóstico de Burnout?
O diagnóstico de burnout não é tão direto quanto o diagnóstico de algumas outras condições médicas, pois não existe um exame de laboratório específico para confirmá-lo. Em vez disso, o diagnóstico geralmente é feito com base na avaliação clínica por um profissional de saúde mental ou médico. Também pode ser pré-diagnosticado por profissionais de Recursos Humanos.
O psiquiatra e o psicológo são os profissionais de saúde indicados para identificar o problema e orientar a melhor forma do tratamento, conforme cada caso.
Se você desconfia da crise e está precisando de um diagnóstico, não hesite em buscar ajuda com um destes profissionais, o mais rápido possível.
Como prevenir o Burnout no ambiente de trabalho em 10 etapas
A prevenção do Burnout no ambiente de trabalho é crucial para o bem-estar dos funcionários e para a produtividade da organização, evitando assim situações até mesmo catastróficas, principalmente para quem sofre da síndrome.
Aqui estão 10 estratégias que podem ajudar a prevenir o burnout:
1 – Estabeleça expectativas claras:
Certifique-se de que os funcionários compreendam suas funções, responsabilidades e metas. Isso ajuda a reduzir a incerteza e o estresse associado a papéis ambíguos. Caso você seja o colaborador, evite aceitar excesso de funções ou responsabilidades que possam lhe gerar sobrecarga de tarefas, acarretando em sobrecarga emocional.
2 – Promover a gestão do tempo e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal:
Incentive os funcionários a gerenciar seu tempo de forma eficaz e a separar o trabalho da vida pessoal. Ofereça flexibilidade quando possível, como horários de trabalho flexíveis, por exemplo.
Com a evolução do Home Office, a manutenção desse equilíbrio tende a gerar inúmeros benefícios para a gestão do tempo e consequentemente trazer esse equilíbrio que vem sendo cada vez mais buscado e necessário.
3 – Apoiar o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento:
Ofereça treinamento em habilidades de gerenciamento de inteligência emocional e resolução de conflitos para ajudar os funcionários a lidar com desafios no trabalho e na vida pessoal.
Treinamentos de Inteligência Emocional estão em alta e tem auxiliado consideravelmente profissionais a gerenciar o autocontrole, além de ser um grande diferencial para empresas perecerem estes tipos de treinamentos e demonstrando real interesse em manutenção do status emocional de sua equipe.
4 – Fornecer suporte emocional:
Promova um ambiente onde os funcionários se sintam à vontade para expressar suas opiniões, preocupações e buscar apoio quando necessário. Disponibilize recursos, como programas de assistência ao funcionário ou serviços de aconselhamento.
É importante sempre manter reuniões ativas, sejam elas semanais, quinzenais ou mensais.
5 – Promover uma cultura de apoio e colaboração:
Incentive a comunicação aberta, a colaboração e o trabalho em equipe. Isso pode ajudar a reduzir a sensação de isolamento no trabalho. Trazer assuntos em grupo sobre Saúde Mental e estimular o diálogo pode ser o divisor de águas para evitar crises de burnout e demais síndromes.
6 – Oferecer oportunidades de desenvolvimento e avanço na carreira:
Oportunidades de crescimento e avanço na carreira podem motivar os funcionários e reduzir a sensação de estagnação. Estratégias de crescimento certamente vão estimular a sua equipe a alcançar resultados com mais engajamento, energia positiva e motivação.
Se uma empresa não cria programas para crescimento profissional de seus funcionários, irá perder oportunidades para o mercado.
7 – Gerenciar as cargas de trabalho:
Certifique-se de que os funcionários não estejam sobrecarregados com uma carga de trabalho excessiva, ou mesmo com excesso de atividades estressantes e desestimulantes. Distribua tarefas de forma equitativa e forneça recursos quando necessário para auxiliá-los. Nessa etapa não há muito segredo: será necessário gerenciar individualmente cada profissional e entender seus mecanismos de estímulo.
Atente-se a evolução da Inteligência Artificial em profissões que já possibilitem utilizar a tecnologia para ganho de produtividade de seu time, como complemento de Soft Skills e Hard Skills de sua equipe.
8 – Promover a autoconsciência:
Incentive os funcionários a reconhecerem seus próprios limites e a buscar ajuda quando se aproximam do esgotamento.
Você pode investir em programas para mapeamento das habilidades profissionais de cada membro, através de ferramentas já comprovadas e muito utilizadas, que darão a si uma visão mais clara de suas maiores habilidades profissionais e ao mesmo tempo pontos de atenção e oportunidades de melhoria.
9 – Reconhecer e recompensar o desempenho:
O reconhecimento pelo trabalho e o incentivo regular podem aumentar a motivação e o senso de realização para cada profissional. Estabeleça metas e premiações realmente estimulantes, como bônus financeiro, prêmios, viagens, entre outros.
Promova o crescimento por resultados em sua equipe.
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O que é Comunicação não Violenta e como aplicar
10 – Monitorar os sinais de Burnout:
Não menos importante, esteja atento aos sinais de burnout e intervenha precocemente quando necessário. Isso pode envolver conversas individuais, realocação de tarefas ou a busca de suporte profissional.
Para profissionais que precisem resolver por conta própria, buscar uma consultoria especializada em Gestão de Carreira pode ser o diferencial entre o seu bem-estar pessoal e profissional. Em muitas situações (e que infelizmente não é incomum de se ver) o profissional convive em um ambiente extremamente tóxico, abusivo e com diversos assédios morais e até mesmo sexuais. É preciso rever as posições profissionais e buscar ajuda para tal.
Como é realizado o Tratamento de Burnout?
O tratamento da Síndrome de Burnout é realizado com psicoterapia, mas também pode envolver medicamentos (antidepressivos e/ou ansiolíticos), caso seja indicado por um psiquiatra. O tratamento normalmente surte efeito entre um e três meses, mas pode perdurar por mais tempo, conforme cada caso e gravidade.
Como mencionado aqui neste artigo, o melhor tratamento é, sem dúvidas, a prevenção. Porém nem sempre conseguimos escapar das armadilhas da vida, e nesse momento é indispensável a procura e busca por ajuda profissional.
Lembre-se de que a prevenção do burnout deve ser uma preocupação contínua e sistemática na cultura da empresa e na vida de cada pessoa. Um ambiente de trabalho saudável e de apoio não apenas ajuda a evitar o burnout, mas também promove a satisfação dos funcionários e melhora o desempenho organizacional.
Não há esforço e benefícios que pegue pela sua saúde emocional. Lembre-se sempre disso.